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Width | 0.6 Inches |
Já escrevi várias vezes sobre isto. Estou um bocado farto e vou tentar ser sucinto.
Primeiro que tudo existe um quasi-consenso nas matérias essenciais de política externa Portuguesa, no sentido do que são os nossos partidos da governação. E esta política faz-se em três eixos, Transatlântico, Europeu e Lusófono. Hoje em dia esses três eixos estão instituídos via NATO, UE, CPLP.
Uma leitura curta e engraçada sobre o assunto é este cabo dos wikileaks da diplomacia americana, mais concretamente a secção "Three pillars of Portuguese foreign policy", que explica a nossa geopolítica (sob um olhar enviesado americano faça-se notar) para que os seus dirigentes entendam as nossas decisões. Outra leitura mais profunda é o recente livro The Lusophone World: The Evolution of Portuguese National Narratives (Portuguese-Speaking World: Its History, Politics & Culture), adaptado da tese de doutoramento da autora (que se arranja em pdf, é procurar).
Para qualquer pessoa que conheça as relações internacionais portuguesas facilmente entenderá que Portugal é, e tem de ser, e seria irracional se não fosse, contra um verdadeiro exército europeu. É sim a favor de uma maior integração e coordenação de exércitos nacionais soberanos numa Europa unida.
Há alguns motivos de orgulho na direção, clareza, consistência e permanência da nossa política externa. Peca principalmente pela falta de meios dado pelos nossos governos. Esta posição, clara, é muito simples de compreender.
Portugal tem uma dimensão diplomática, geopolítica, e de relações internacionais gigantes para o seu tamanho. Portugal não é uma Eslovénia. Portugal tem poucos meios, mas tem feito muito com o pouco que tem, e continua com grandes ambições.
É bom entender-se por exemplo, que nos relacionamos com a China assim e que as nossas ligações são de meio milénio. Ou como foi o nosso processo de "luta" pela independência de Timor. Ou o processo de eleição de António Guterres para a ONU (e a posição alemã). Ou como se estabeleceu o novo pacto com a França de cooperação em África e sobre promoção mútua das nossas línguas. Ou os nossos planos em termos de mobilidade e aproximação económico-social no espaço lusófono.
Não creio que seja por acaso que o apoio a tal iniciativa seja em Portugal 3o mais baixo em toda a união. Mas ao mesmo tempo acho preocupante a ignorância profunda e perigosa que se vê em certas gerações mais novas sobre "quem é Portugal", o que nos torna aquilo que somos, o que é a nossa política externa, e desígnios de longo prazo.